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“Grandes comemorações têm data marcada. O aniversário, a formatura, o casamento, ao passar no vestibular, ver o filho nascer, ganhar uma promoção, dar entrada na casa própria. Nesses momentos, celebramos pelo fim da luta, pela conquista merecida, pelo sonho que enfim se realiza. E trocamos abraços coletivos, estalamos os copos em brindes, tiramos fotos para o álbum usando roupas novas e nossos melhores sorrisos.
São dias inesquecíveis, esses. E vencer as grandes etapas da vida merece mesmo festa.
Mas, confesso, às vezes penso que, mais do que desses grandes eventos, gosto é das pequenas comemorações. Aquelas que não são feitas ao redor de mesas enormes e quase nunca têm testemunhas.
Aquelas que são só nossas, dos nossos feitos particulares e que podem parecer bobagem para um monte de gente, mas significam muito para nós, que sabemos melhor do que ninguém das nossas aspirações e dificuldades.
Como aquele dia em que consegui mergulhar de cabeça na piscina. A gloriosa tarde em que andei de bicicleta sem rodinhas. Quando acendi o fogão pela primeira vez usando fósforos, vencendo meu pavor do fogo. A primeira noite morando sozinha. Ou mesmo coisas mais banais, ver a plantinha que andava murcha enfim rebrotar. Quando a receita dá certo e todos à mesa suspiram a cada garfada. Ou quando enfim encontro algo que pensei estar perdido para sempre, como o título de eleitor ou um amigo que não via havia anos.
A vida é cheia de pequenos motivos para celebrar. Fez a baliza? Marcou um gol na pelada? Acertou passar o delineador? Terminou um bom trabalho? Hoje tem sol? Então, vamos comemorar. Pode ser só um autoelogio silencioso. Ou um “yes” e um soco no ar, como nos filmes. Quem sabe uma dancinha, quando ninguém estiver olhando. O importante é não deixar passar.”
Nestes tempos de isolamento, onde grandes comemorações são proibidas e perigosas para nossa saúde, “vamos celebrar cada dia e cada feito não pelo tamanho, mas simplesmente porque nos mostram que a vida é boa e que nós conseguimos, SIM.”
Este lindo texto foi resgatado da Revista Sorria – Fev/mar 2012 – Edição 24 – ano 4
Roberta Faria – Editora Chefe
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